Tuesday, August 08, 2006

 VIDA ERRANTE
 Lancei os olhos em direcção ao horizonte e apenas vislumbrei sombras escuras.
De repente, o mundo tinha adquirido, para mim, outras tonalidades e um significado que nunca imaginara ser possível.
Cai-se no abismo e sentimo-nos estranhamente livres. Que ironia! Que contra-senso! A vida deixa de ter significado e aquele fio ténue que nos vai ligando ao mundo, vai-se desfazendo, lentamente, parecendo murmurar: " dust to dust, ashes to ashes....."
Inexplicavelmente, tudo deixa de fazer sentido: os amores, os ódios, a paixão pelas pequenas coisas, pela vida e, sobretudo, por nós próprios, desfazem-se em mil pedacinhos que jamais será possível voltar a juntar.
Será que que alguma vez voltarei a encontrar-me? O meu destino já estará traçado e prender-me-à para sempre neste poço onde caí?
Cada dia que passa , procuro um motivo pelo qual valha a pena continuar aqui, mas remar contra a maré está a tornar-se uma tarefa ingrata e inglória.
Por vezes vislumbro a minha luz: aqueles olhos redondos, pretos como azeitonas, brilhantes e de sorriso franco e aberto; os bracitos que me rodeiam e a vozita doce que me diz:
- Adoro-te mãe! És a melhor mãe do mundo e a minha princesa!
Ou aqueles desenhos que tanto gostas de pintar e que para mim valem mais que Picasso ou Van Gogh, porque são pintados com as cores do amor que sentes por mim. São eles e tu que me fazem ter a certeza de que, por ti, lutarei até que as forças me falhem, meu pequeno amor!
  
Clarisse